quinta-feira, 16 de julho de 2015

Faltou confiança ao América-RN diante do Vasco

Se a partida da última quarta-feira diante do Vasco, em São Januário, não resultou em vitória para o América-RN, ao menos foi possível enxergar um padrão de atuação na equipe de Roberto Fernandes. A derrota no jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil, por 3 a 1, significa pouco para os potiguares, que detém total foco no Campeonato Brasileiro da Série C, sua atual e incômoda realidade. O mesmo serve para o Vasco, que sofre na zona de rebaixamento da Série A. Diante de tantas situações dentro da partida, o Vasco mostrou-se mais confiante, e talvez por isso tenha ganho.

Zé Antônio e Dagoberto disputam jogada (Foto: Celso Pupo / Fotoarena)

A diferença entre as equipes deveria ser grande. Apenas deveria. Na prática, quando a bola rola e os discursos se amenizam, vimos um Vasco que pena para ser protagonista de uma partida e um América ajustado, organizado dentro das suas possibilidades, sabedor de sua realidade. Enquanto as estrelas em decadência do cruzmaltino estiveram alertas, foram suficientemente desequilibrantes, e têm parte importante na construção do placar. O problema, principalmente olhando para o lado americano, é que isso não aconteceu na maior parte do tempo. Faltou confiança e gana para os potiguares.

Posicionamento de América e Vasco no primeiro tempo 

Em boa parte do primeiro tempo, o América foi superior. A escalação aparentemente mais retraída foi se soltando com a pouca competência dos vascaínos em ditar ritmo, ter posse e envolver. Os erros técnicos fizeram a bola estar muitas vezes em domínio americano, o que resultou em boa movimentação e uma quantidade considerável de chances criadas. O Vasco, como demonstrado no painel tático, adentrou ao gramado de São Januário sem os três volantes que caracterizam as equipes do técnico Celso Roth. Para compensar, veio um zagueiro na linha de meio. Com os alas adiantados, Roth tentou explorar a linha de fundo, mas não obteve tanto exito. Na verdade, o Vasco chegou bastante ao gol do América, todavia, as possibilidades surgiam dos pés de Dagoberto, que por característica individual não costuma respeitar ordens táticas. Escalado na ponta esquerda, o atacante permaneceu por quase todo tempo na região central do mesmo lado, e talvez até mesmo por isso tenha sido um diferencial.

O América entrou bem postado, foi obediente e apostou tudo no trio ofensivo. Pardal e Marciel incomodaram no costado dos defensores vascaínos, sempre municiados por Cascata, que teve mais uma vez ótima participação com a camisa do América. Nenhuma, no entanto, resultou em gol. O placar só foi aberto aos 48 minutos, já nos acréscimos, quando em escanteio, o centroavante Herrera foi para as redes. Um banho de água fria no ótimo primeiro tempo alvirrubro. 

Roberto Fernandes muda esquema e América domina parte da segunda etapa

Mesmo jogando melhor por grande parte da primeira etapa, o gol fez Roberto Fernandes mudar a estratégia. E de fato era preciso mudar. Roberto sacou um dos atacantes de velocidade e colocou Reis, um meia. Aparentemente não seria das alterações mais ofensivas, mas futebol não é miojo e a prática é a principal reveladora do que se pensa em teoria. Deu certo. Além de mudar uma peça, Roberto trocou de esquema, retirou o bom Alvaro do meio e o abriu na direita, como ponta invertido, isso porque o jogador é canhoto. Reis fez o mesmo serviço, só que pelo lado esquerdo. O América teve durante toda a segunda etapa uma trinca de jogadores por trás de um atacante mais centralizado. Pardal foi o responsável por jogar mais adiantado, e não teve boa participação. Aliás, não conseguiu ainda retomar o futebol que o fez retornar ao clube. Voltando ao jogo, a mudança técnica e tática soltou a equipe potiguar, que novamente voltou a dominar a partida, como acontecera no primeiro tempo. O domínio foi parcial, porém resultou no gol de empate, marcado por Reis após falha bisonha do zagueiro Aislan.

O que poderia ser o start para uma busca de virada tornou-se o início da derrota. Sim, o gol marcado por Reis contribuiu para a equipe do América perder a partida. Quando disse que faltou gana ao clube potiguar, me refiro justamente ao momento pós-gol. A postura foi alternada muito rápido. O América se contentou com o empate quando poderia buscar mais um gol. Mesmo entendendo não ser a melhor opção, não condeno a atitude, aliás, é compreensível quando falamos em equipes tão distantes em relação a praticamente tudo. No momento, para jogadores e comissão técnica, a atitude parecia sensata, apesar da leitura de quem assistia ao jogo de fora ser bem diferente. 

Ao marcar com Reis, o América recua, fecha as linhas e renasce o Vasco, que volta a incomodar e tem marcado a seu favor um pênalti. Erro grande do árbitro Thiago Peixoto. O vascaíno J. Cley fez para cima do defensor americano Flavio Boaventura aquilo mais manjado do futebol brasileiro: forçar o giro. Thiago, que conduzira a partida de forma equilibrada até ali, sabe-se lá porquê resolveu apitar e manchar sua atuação com um erro tão grande, resultando em gol de Anderson Salles para o Vasco, que não tem nada a ver com isso. 

Vasco chega ao terceiro gol e perde Dagoberto, mas América cansa e não reage

O América murchou. O gol desanimou e somou-se ao cansaço para reduzir qualquer possibilidade de se trabalhar a bola em busca do empate. Descompactado, o América alargou as linhas e partiu pra ligação direta, apostou tudo nas bolas longas. Roberto colocou Gláucio para ser referência, retornou Álvaro para zona defensiva. Sem sucesso. Abrir espaço para jogadores de qualidade não é uma opção inteligente. O Vasco, então, chegou ao terceiro gol com E. Biacucchi. O jogo estava definido. Dagoberto, dois minutos depois do cruzmaltino aumentar a contagem, ainda foi expulso por um tapa no rosto do lateral Lucas Newiton. Com um a menos e o placar em mãos, o Vasco se fechou. Thalles entrou no lugar de Herrera e cumpriu a função de fechar o lado esquerdo. O América ainda tentou adiantar a equipe, Roberto colocou Bruno Farias em campo e trouxe Judson para ser terceiro zagueiro, liberando Zé Antônio Paulista e os laterais, mas nada fez efeito. O jogo havia acabado. Estava acontecendo, mas havia acabado. Acabou após Reis empatar e Thiago assinalar pênalti para o Vasco. Depois dali, todo o resto é consequência. 

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