sexta-feira, 10 de julho de 2015

Um Fluminense dedicado no Maracanã

O Maracanã poderia ter recebido um jogo melhor na noite da última quinta-feira, 9 de julho. Fluminense e Cruzeiro fizeram um jogo amarrado, trucado e tecnicamente distante do ideal. A vitória foi dos cariocas, que marcaram com Gustavo Scarpa. O 1 a 0 não representa superioridade do Fluminense, mas significa que dentre as propostas de jogo (e futebol é, antes de tudo, um jogo), o dedicado Fluminense de Enderson conseguiu ser superior ao indolente Cruzeiro de Luxemburgo. 

Scarpa comemora gol com Fred (Foto: NetFlu)

Com a vitória, o Flu foi ao segundo lugar na tabela, deixando o Cruzeiro, bi-campeão brasileiro, com apenas 13 pontos e na 12° colocação. Sem dúvida, pelo menos para este blogueiro, a campanha do Fluminense surpreende. Confesso que não esperava um início tão interessante do clube devido as trapalhadas administrativas durante esses primeiros meses sem Unimed. As muitas trocas de comando, além da chegada de reforços duvidosos e as vendas inesperadas de jogadores importantes me fizeram por um pé atrás em relação ao clube. Para minha grata surpresa, Enderson Moreira, terceiro técnico do Flu na temporada, conseguiu ajeitar a casa e implementar uma ideia de jogo que é bastante sustentável; dedicação.

Fluminense 1 x 0 Cruzeiro

1° tempo

Formações do primeiro tempo; congestionamento pelo lado direito do Cruzeiro

As formações iniciais surpreenderam. Enderson decidiu inicar com V. Oliveira na lateral-esquerda, um zagueiro, e não Gustavo Scarpa, como era esperado. Esse ficou na segunda linha, dando suporte ao zagueiro improvisado. O resto da equipe manteve-se. Luxemburgo, por sua vez, havia treinado sem Willian e Damião, mas decidiu começar com ambos. A proposta, como exposta no painel tático, foi explorar o lado esquerdo do Fluminense, justamente local ocupado por V. Oliveira, surpresa no time de Enderson. A dobradinha Mayke e Willian, tão importante nos últimos títulos, não funcionou. Tímidos, ambos não deram trabalho para a defesa do Flu, que decidiu moldar-se ao Cruzeiro. Fred descentralizou-se, buscou jogar no vácuo de Mayke, assim como Marcos Júnior. A zona ficou bastante congestionada na primeira etapa. Pelo outro lado do campo, Arrascaeta pouco foi acionado, assim como Wellington Silva, arma perigosa dos cariocas quando jogam como mandante. 

2° tempo

Formações do segundo tempo; Luxa mexe na equipe

Por não ter conseguido ganhar a disputa sem a bola (e dificilmente ganharia por causa da dedicação máxima do Fluminense), Luxemburgo resolve abrir mais seu time no segundo tempo. Sacou o apoiador Marcos Vinicius e colocou Marinho. A intenção principal era mexer com Arrascaeta, sumidaço pelo lado de campo na primeira etapa. Willian inverteu seu lado, Arrascaeta centralizou e Marinho foi tentar incomodar V. Oliveira, que nessa altura já atuara praticamente como um terceiro zagueiro. Enderson seguiu com sua proposta de explorar Mayke, algo que não funcionou e foi minimizado por Luxa ao trocar o jogador por Ceará, lateral defensivo. O jogo seguiu trucado, porém com mais espaço. Wellington Silva passou a chegar mais, procurar a linha de fundo, assim como Gerson e, principalmente, Gustavo Scarpa, que atraia menos atenção dos defensores cruzeirenses. No entanto, nada de gol. O tento só foi marcado após os 30 minutos da segunda etapa, e de bola parada. 

Final do jogo

Flu perde vários jogadores e se fecha após abrir o marcador;
Cruzeiro tenta agredir, mas esbarra na falta de criatividade

Depois de abrir o placar, o Fluminense não conseguiu manter a pressão, principalmente após perder vários jogadores importantes como Pierre e Jean, os melhores do time defensivamente. Marlon e Rafinha entraram, assim como Renato. Wellington Silva foi obrigado a mudar de lado na defesa. Marlon posicionou-se a frente de Gum e Antonio Carlos, Rafinha e Gerson ficaram na segunda linha. Marcos Junior e Gustavo fecharam os lados, deixando Fred isolado. Vale destacar a entrega do centroavante do time durante toda a partida. O Cruzeiro, por sua vez, tentou corrigir as falhas do meio com a entrada de Charles, mas em nenhum momento conseguiu agredir, incomodar, buscar de fato a igualdade no marcador. Sem a dedicação máxima de todos, inclusive do capitão outrora disperso, seria difícil pro Fluminense sair do Maracanã com os três pontos. 

O jogo não foi bom, repito, a vitória do Fluminense foi muito mais tática e em cima da proposta de dedicação extrema do que necessariamente pela qualidade. Aliás, essa tem sido uma característica de muitos times no Brasileiro, diria até do Campeonato. Claramente há uma preocupação maior com a parte do jogo onde não existe bola. Grêmio, Sport, Fluminense e Galo, além de alguns outros, têm demonstrado que talvez exista gente disposta a mudar a cara do futebol brasileiro, que tomou gosto pela desorganização posicional de seus times, vide nosso eterno 7 a 1 na Copa do Mundo. Fico feliz por conseguir ver mais times com shape moderno e triste pela qualidade técnica. Será preciso trabalhar mais em busca do equilíbrio. 

Um comentário:

  1. O FLU vai dar trabalho nesse campeonato. Para desespero da Flapress...

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