domingo, 5 de julho de 2015

Ser convicto é ser Chile

A conquista da Copa América pelo Chile pode ser explicada e analisada por diversos ângulos, e quem acompanha futebol vai inevitavelmente conhecê-los. A parte sentimental de um título inédito na história da Seleção deve ser preponderante, e faz sentindo realmente ser, porém, acho necessário destacar o real mérito dessa equipe, que como poucas outras pode ser tão bem denominada: equipe. Por quê? Poucas outras têm a ideia compartilhada como principal virtude.

Sampaoli, craque da Seleção Chilena (Foto: globoesporte.com)

Jorge Sampaoli não é a estrela da equipe, até mesmo porque no campo existem figuras como Vidal, Sanchez e Valdívia, uns expoentes mundiais e outros nem tanto, porém com grande representatividade. Sampaoli provavelmente será menos lembrando no futuro do que esses caras, mesmo que sua contribuição na história seja maior. Mesmo com resistência, é indiscutível dizer que o craque do Chile esteve sempre no banco. O treinador é craque, não porque craque decide, e sim porque craque mobiliza. Sampaoli mobilizou uma geração. O argentino trouxe uma ideia e a implantou, a fez ser maior do que todos os atletas, a fez ser prioridade. Dentre todos os comandantes de Seleções que eu vi, nenhum chegou perto de fazer aquilo que Sampaoli faz no Chile. Nenhum teve tanta convicção. 

Entrando na parte técnica, quando falamos sobre Sampaoli alguns tendem a considerar exagero, buscam argumentos na falta de inovação, apontam esquemas e estratégias já utilizados por terceiros anteriormente. E, de fato, não estão errados. Erram em outro aspecto, no entanto. Sampaoli nunca teve a intenção de ser moderno, revolucionar. Sampaoli apenas quis ser capaz de fazer um grupo de jogadores jogar como nunca jogaram para assim atingir um patamar que jamais conseguiram alcançar. Para isso, foi preciso adotar estratégias, trilhar caminhos e implantar ideias. Assim o fez. 

Chilenos comemoram título da Copa América (Foto: globoesporte.com)

Deu certo. E não deu certo hoje, após a conquista. Deu certo há anos. Deu certo nas eliminatórias para a Copa de 2014, deu certo dentro do próprio mundial e deu certo na Copa América, em casa, tendo como consequência máxima a conquista, o posto mais alto. A ideia trazida, plantada, reimplantada, aprimorada e maximizada rendeu um troféu cheio de significado. 

Mesmo se não saísse do Estádio Nacional com a taça, o Chile já seria a melhor equipe do torneio. A conquista é significativa demais para a população e para o país, mas tudo que se fez antes do momento onde Claudio Bravo ergueu seus braços para ostentar a taça prateada é o que de fato ficará na minha memória e como aprendizado para o futebol. Não é preciso ser melhor ou merecer ganhar para vencer. Algumas vezes só é preciso ser convicto. E ser convicto é ser Chile. 

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