sexta-feira, 21 de agosto de 2015

São Paulo perde a partida e vence o jogo

A vitória do Ceará no Morumbi, nesta última quinta-feira (20), pela partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil é marcante, sem dúvida alguma. Não pelo fato do time cearense chegar no Morumbi e derrotar o São Paulo, isso não é nada, nada mesmo. A partida ganha relevância pelo contexto, por terem se enfrentado uma equipe que atualmente é a lanterna da segunda divisão e outra que é a sexta colocada na primeira. Se incluirmos os enormes desfalques dos cearenses, a proporção de contraste aumenta ainda mais.

Luis Fabiano disputa jogada no primeiro tempo
(Foto: MARCELLO ZAMBRANA/ AGIF/GAZETA PRESS)

Levando essa parte em conta, o jogo se mostrou totalmente diferente daquilo que se enxerga ao final. O Ceará ter vencido a partida por 2 a 1 não significa absolutamente nada em termos práticos. O São Paulo esteve longe de fazer um jogo forte, como aqueles que já conseguiu apresentar na temporada, mas fez o suficiente para vencer e vencer bem. Traduzindo em finalizações, foram 22 para os donos da casa e menos de 4 para os visitantes. Em postura e ideia de jogo, não há nem palavras para descrever tamanha diferença.

Diferente daquilo que fez diante do Goiás, no último sábado, o time de Osorio assumiu as rédeas do jogo desde o primeiro minuto e assim seguiu até o último soprar do árbitro. Claro, foram vistas muitas falhas de execução, mas também foi possível identificar qual era a proposta, o que o time entrou em campo para fazer. O dia ruim de várias peças fundamentais para o time pesaram na pouca criatividade, principalmente no primeiro tempo, onde a equipe são-paulina forçou demais as jogadas aéreas, e pensou pouco na aproximação com a referência do time, Luis Fabiano.

Primeiro tempo; Ceará congestiona meio e área, São Paulo peca por não ter aproximação

O Ceará veio pro jogo, como já dito, cheio de desfalques e disposto a explorar as poucas oportunidades que teria. E assim o fez. O sucesso na bola parada ainda no primeiro terço de jogo fez com que a estratégia ficasse ainda mais simples. A teórica formação com três defensores foi, na prática, uma linha de cinco. Com o apoio do volante Carlão, o Ceará formou uma linha com seis defensores claros. Obviamente, o trabalho do São Paulo, por dentro, ficou complicado, o que explica as várias tentativas de explorar a bola aérea. 

Segundo tempo: Wilder e inversão Carlinhos-Pato faz SP
forçar pelos flancos, porém com falhas de execução

A segunda etapa foi mais intensa, principalmente pela saída de Luis Fabiano, a referência tão importante pro time. A entrada do colombiano Wilder mudou o jeito do São Paulo se portar, e os flancos foram a principal alternativa pro bloqueio no meio e na área cearense. A sensação de quem assistiu a partida de forma fria, sem ter o peso de um torcedor, era de que o placar não justificava em momento algum aquilo que ocorria na partida. O segundo gol do Ceará aconteceu em mais uma bola parada. Em um dos poucos e mortais vacilos dos zagueiros são-paulinos, Lucão perde a dividida pelo alto e Luiz Eduardo se vê obrigado a cometer penalidade, convertida por Rafael Costa.

Individualmente, é preciso destacar, pelo lado do São Paulo, a partida quase perfeita do volante Thiago Mendes. O lateral Bruno, também do Tricolor, errou muito, mas chamou o jogo em vários momentos. Pato, autor do gol são-paulino, fez mais um jogo interessante. Começou na sua, como segundo atacante, e as dificuldades impostas pela marcação do Ceará o fizeram se movimentar, hora pela direita, hora como referência. 

O peso da derrota do mata-mata é gigante, e talvez até por isso que ter ganho o jogo (proposta, estratégia, posse, domínio, finalização) foi tão desimportante na análise do São Paulo. Duas derrotas em casa são inaceitáveis pro torcedor. As críticas ao rodízio são constantes, mesmo sendo ele ótimo pro clube. Falta bastante pro São Paulo ser competitivo em alto nível, e faltará ainda mais em caso de interrupção de trabalho. É preciso ler o jogo para avaliar aquilo que se faz no São Paulo hoje, porque ver futebol é muito fácil, qualquer um pode fazer. Se prender no placar é muito perigoso pro futuro do São Paulo nesse momento.

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