sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Mano Menezes inicia compactação entre setores e centraliza antigos pontas no Cruzeiro

Acompanhei três dos quatro jogos de Mano Menezes à frente do Cruzeiro. Figueirense, Flamengo e Vasco. A vitória larga sobre os catarinenses não se pode contabilizar como resultado das mudanças técnicas e táticas do treinador, não houve tempo para que isso acontecesse. Na derrota para o Flamengo, um primeiro indício daquilo que pensa o ex-treinador da Seleção para o atual elenco que tem. Mano mexeu na estrutura dos últimos anos do time mineiro, algo visto mais claramente no jogo da última quarta frente ao Vasco. O jogo dos azuis está centralizado.

Mano Menezes assumiu Cruzeiro há quatro jogos (Foto: globoesporte.com)

Na campanha do bi, Marcelo Oliveira cansou de somar pontos explorando a velocidade dos homens abertos e os gols de cabeça dos seus centroavantes e de Ricardo Goulart. Nem sempre havia, no time bi-campeão, dois homens abertos. Muitas vezes esse papel era desempenhado apenas por uma peça, mas claro, contando e muito com a chegada dos laterais, quase sempre Mayke e Egídio, especialistas. 

O que Mano fez, por enquanto, no Cruzeiro, foi definitivamente tirar os dois homens abertos que Luxemburgo não abria mão. Luxa enxergava tanta necessidade de ter extremos pelos lados que foi buscar Marinho no Ceará. Talvez fosse necessário naquela altura repensar a estrutura, como fez Mano, não reforça-la.

Mano não retirou uma peça ofensiva para jogar com dois atacantes, algo que Argel fez no Internacional, por exemplo, Mano apenas deslocou os dois extremos para dentro, fazendo assim seu time ter três atacantes e não apenas um, como é comum em quase todos os times que adotam pontas. O Cruzeiro de Mano não tem pontas, tem atacantes. 

Formação do Cruzeiro no jogo contra o Vasco 

Outra mudança perceptível no Cruzeiro agora do treinador gaúcho é a compactação entre setores. Ainda não estamos a falar sobre um time interamente compactado, pois é cedo para ver isso. O primeiro passo de um trabalho que deve ter a compactação inteira como objetivo é resolver os problemas entre setores. Mano alinhou os movimentos da zaga, e quando falamos zaga contamos laterais, fixou mais a formação do meio que se alterava bastante com Luxemburgo e centralizou os pontas, como já havia dito. Luxemburgo monta times espaçados e com mobilidade, Mano gosta de ter os três setores próximos entre si e a formação fixa.

O papel do Willians hoje é totalmente diferente de tudo aquilo que ele fez a vida inteira. Mano transformou um contestável volante em um contestável meio campista. Claro que o treinador não vai fazer um jogador limitado se tornar menos limitado, o que um treinador pode fazer é aproveitar essa peça de uma forma que facilite sua atuação. Willians deixou de ser "pitbull", não se exige mais dele a única função de proteger a zaga. Willians é agora meio campista, e dentro das suas limitação tem a função de apoiar pelo lado direito, assim como o bom Ariel Cabral faz pela esquerda. 

Centralizar os pontas causa um problema, que facilmente foi resolvido por Mano: a profundidade. Com Alisson e Marquinhos, por exemplo, por dentro, a profundidade de jogo, tão importante para quebrar sistemas defensivos, fica a cargo dos laterais. Óbvio que os antigos pontas vão, vez por outra, fazer jogadas de linha de fundo, de apoio, mas isso deixou de ser a principal atribuição deles dentro do sistema.

Mano Menezes tenta arrumar setores do Cruzeiro antes de pensar na fluidez do time inteiro

Quando esteve a frente do placar diante do Vasco, o Cruzeiro apresentou alguns vícios do treinador. Para segurar um resultado que não estava tão garantido, Mano redesenhou a postura do time. As três linhas de jogo da formação inicial se transformaram em apenas duas, e isso foi muito ruim para o andamento do time. O Cruzeiro perdeu muita força de chegada, e o empate do Vasco acabou acontecendo.

Mudança estrutural do Cruzeiro para manter um resultado

Como esse post não é sobre Vasco e Cruzeiro, não pretendo me alongar muito nos erros e acertos do treinador especificamente nesse jogo. A ideia do texto é mostrar que existe sim uma diferença entre visão de jogo de um treinador que já foi muito campeão e hoje parece não ser efetivo (Luxemburgo), e alguém que tem muita bagagem teórica e prática, mas que não foi tão campeão assim (Mano Menezes). 

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